segunda-feira, 29 de junho de 2009

Virando a mesa

Sempre gostei muito de me sentar em volta da mesa . Para conversar, para trabalhar, para beber e/ou comer junto com amigos. Acho aconchegante. Melhor do que qualquer sofá da sala ou divã de psicanalista. Me sinto bem, mais livre. E foi em volta de mesas que escrevi meus livros, conversei com meus filhos, tomei muitas das decisões mais importantes de minha vida e joguei também muita conversa gostosa fora.

Escolhi o restaurante Sagrada Família, aquele casarão antigo da Rua do Rosário, para encontrar Selma Guedes e minha irmã Sylce antes de irmos ver a exposição do Yves Saint Laurent,no Centro Cultural Banco do Brasil. Comemos um gnocchi com carne assada ao molho ferrugem regado a cervejinha gelada. E rumamos para o cafezinho e a expo no CCBB, curtindo aquele clima meio Lisboa, meio Paris do centro da cidade, que eu adoro. Até o friozinho ajudava.


A exposição Yves Saint Laurent, uma viagem extraordinária, que comemora o Ano da França no Brasil, com curadoria da Fundação Pierre Bergé, o companheiro fiel e inseparável de Yves, é emocionante. O filme, de quase duas horas, apesar de longo, imperdível. Seu último desfile, com um resumo de suas criações, dá bem a medida de seu gênio. Na passarela, Carla Bruni, linda, Jerry Hall, a ex de Mike Jagger, Naomi Campbell. A série de smokings, sua grande criação, é de deixar a gente sem fôlego.


As capas de noite divinas. E os longos? Maravilhosos. Os bordados, um delírio. E as bijoux? Capotantes. E, no final, Catherine Deneuve, a grande amiga, cantando para ele. A entrevista, com os olhos sempre baixos, a dimensão de sua personalidade. Tímido, reservado, um pouco assustado, até.



As roupas expostas mostram as influências em suas coleções da África, especialmente do Marrocos,onde tinha uma casa em Marrakesh, toda azul, com jardins lindos, que conheci; da Ásia - Japão, China e Índia -; de países da Europa, como Espanha, Rússia. Os desenhos espalhados pelo hall do CCBB reproduzem os cartões que Saint Laurent enviava para os amigos, sempre com a palavra Love. Dá para conferir até o dia 19 de julho.


No mesmo CCBB, a exposição Virada russa, outra maravilha. São 123 obras de Kandinski, Chagall (na foto, a insustentável leveza do amor, pelo mestre), Maliévitch e outros precursores do modernismo, incrível o que fizeram ainda no início do século passado!, pertencentes ao acervo do Museu Estatal de São Petersburgo. Parace que foi ontem... Você tem até 23 de agosto para ver.


Em torno da mesa do Terzetto, em Ipanema, reencontrei Nina Chavs, uma de minhas primeiras chefes. Com ela, aprendi tudo o que sei. Fui sua eterna interina, quando viajava, quando se mudou para Paris e continuou com seu espaço em O Globo, no Ela que ela criou e pouca gente sabe. Foi bom recordar aqueles tempos tomando vinho e degustando uma boa massa, num começo de tarde frio para os termômetros cariocas. A última vez que tínhamos nos visto foi também em torno da mesa, no Les Deux Magots, em Paris, com o mesmo vinho e uma salada com queijo de cabra deliciosa. E é impressionante como parece que o tempo não passou, como a conversa flui como se fosse ontem, quando a gente tem afinidades como eu e Nina sempre tivemos. Com ela, aprendi também a amar as viagens e a desejar conhecer a Grécia, sua paixão. Desejo realizado, viagens muitas feitas, estávamos ali de novo, celebrando estes novos tempos.

No Gula-gula, o restaurante preferido de minha filha Ana Luiza ,– ela tem que ir lá todas as vezes que vem ao Rio -, aquele ali da Henrique Dumont, charmosíssimo, almocei com Ignez Ferraz e Múcia Juliano. Escolhemos uma mesa na varanda e pedimos a caipiroska que sempre curtimos quando nos encontramos. Rimos muito com as histórias de Ignez, recém-separada.

Neste domingo, antes do jogo do Brasil - que delícia aquela vitória de virada, lavou a minha alma! - , fui almoçar no Mamma Rosa, restaurante aqui de Laranjeiras, com meu filho Paulo Tasso e a namorada dele, Érica. Naquela varanda, onde sempre me sentava com minha mãe e meus filhos quando crianças,vieram as lembranças e a saudade com gostinho de vinho e fetuccini à carbonara.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Hoje vai ter uma festa…

A vida é uma grande festa e são tantos os motivos para comemorar... Minha família sempre foi festeira. Comemoramos desde sempre todos os momentos felizes. Nos aniversários, minha mãe fazia bolos maravilhosos, confeitados, que aprendeu com Madame Botafogo, a Regina Rodrigues da época. Nas formaturas, nos batizados, noivados, casamentos, Natal, Ano Novo, Páscoa, carnaval, São João era sempre a mesma festa. Tivemos a felicidade de festejar bodas de ouro e de diamante de nossos pais. Por isso, adoro uma festa. E como um ímã, atraio festas maravilhosas na minha vida. Já perdi a conta de quantas, cada uma melhor do que a outra. Porque não tem nada melhor do que estar com pessoas de quem gostamos, festejando a vida, a alegria.


Vilma Guimarães Rosa também gosta de comemorar. Reuniu as amigas para cantar seus parabéns no Country. Tudo começou no bar, com salgadinhos quentinhos e sucos geladinhos. Depois, o chá, na varanda. Fiquei numa mesa agradabilíssima, com Lucy Sá Peixoto, Renata Fraga, Marcia Veríssimo, Constança Castello Branco. Peter Reeves, o simpático marido da Vilminha, apareceu como sempre no final, para ajudar a soprar as velinhas. O bolo, como não podia deixar de ser, de dona Dirce, todo enfeitado com borboletas multicoloridas. Aliás, Vilma estava com as suas borboletas estampadas na roupa e várias amigas homenageavam a filha de Guimarães Rosa usando acessórios com borboletas – Marcia Veríssimo estava com um anel lindo-, que todo mundo sabe que ela adora. Na foto, Vilma, Lucy e eu.



Amaro Leandro, o super decorador (na foto com Maria Vitória), fez mais um daqueles convites irrecusáveis. Um jantar no seu apartamento-casa, em Copacabana, que tem até árvore no jardim, apesar de ficar no terceiro andar. Choveu, o que foi uma pena, porque não pudemos ficar lá fora, mas tudo dentro funcionou perfeitamente. As flores, lindas, pendendo do lustre, a comida deliciosa, feita por ele, como sempre, regada a bom uísque e espumante rosé. Os doces incríveis, de não se saber o que escolher. E por último o chá de frutillas, direto de Buenos Aires, com bem-casados, cavacas, pão de mel, uma profusão de tentações. O jantar comemorava o aniversário dos gêmeos antiquários Paulo e Pedro Scherer, aquela simpatia em dose dupla aí na foto, de Waleska Carvalho e de Maria Vitória, a juíza casamenteira, que fez meu casamento e de minha filha, e que faz aniversário sabem quando? Dia de Santo Antonio. Cada um ganhou um bolinho exclusivo para soprar a velinha. Encontrei lá Isabela e Luis Felipe Francisco, Paulo Barragat, Bernadete Prestes, minha colega da PUC, Cristina e Claudio Aboim.


Minha irmã resolveu comemorar o dia dos Namorados no dia de Santo Antonio com um almoço em casa. Chamou a filha, o genro, o neto. Além dela e do marido, só eu, que não tenho namorado, mas como disse, adoro comemorar. Como sempre a festa começou na cozinha, bebendo, beliscando, minha irmã insistindo para irmos para a sala, mas estávamos adorando o calorzinho do fogo. Depois, o camarão do menu estava delicioso e o bolo que ela encomendou, com flores, combinava com a decoração, com a louça e até com os guardanapos. Sylce é incrivelmente perfeccionista...



De noite, outra festa. Os 60 de Marilena Belaciano, minha amiga de quase toda a vida – de toda a vida profissional, com certeza – no Marimbás, num dia de frio mas com aquela vista toda de presente. Foi um revival. Lá estavam amigos queridos com quem trabalhamos juntas tantos anos e em tantos lugares (olha a animação da turma aí acima!). Rever todos e cada um – Lu e Edgar Catoira, Selma Guedes, Antonio Pereira da Silva, Guiga Soares, Cristina França e Azuyl, Valéria Sendim, Jussara, Regina Valladares, Ana Andreazza, Silvinha de Souza, Cristina Boller, Guita Schechtman, Maria Antonia de Oliveira - foi como voltar aqueles bons anos do passado, de tantas lembranças boas, de como nós éramos felizes e nem sabíamos... A decoração, toda em listras verdes e brancas – verde é a cor da Marilena, combina com seus olhos – combinava também com o vestido de tafetá da Twiggy e com o bolo, encomendado por Flavinha, a filha, com uma boneca igualzinha a Mrs.Helen, como costumo chamar minha amiga, sentadinha em cima. Uma graça! O bufê, maravilhoso, os doces de Frances, idem, idem. O som nos levou para a pista de dança, onde nos esbaldamos de tanto dançar enquanto no telão passavam cenas de filmes e videoclipes antigos. Saímos de lá às 3 da manhã, felizes como crianças e todas enfeitadas com os brindes distribuídos, colares, pulseiras e anéis com luzinhas, arquinhos com estrelas, boás...


Mal me recuperei, e lá fui eu para o chá de Ísis Penido, na Casa Julieta de Serpa. O lugar é lindo e cheio de recordações para mim: foi ali o casamento de minha filha, o chá de bebê do meu neto, além de vários aniversários meus e de minha irmã. A decoração com rosas amarelas combinando com as toalhas. O chá foi no pátio. Além das delícias servidas, ainda fomos brindadas com o espetáculo Le Sacre, sobre Napoleão Bonaparte, o meu personagem histórico favorito, ao lado de Alexandre, o Grande. O figurino, luxuosíssimo, nos deixou de queixo caído. O Napoleão parecidíssimo com Bonaparte. Na platéia, Lucy Sá Peixoto, Amância Utrabo, Eliana Pittman, Gilda Basbaum, Françoise Boruchovitch, Gisela Amaral, Idinha Seabra Veiga, Ilka Bambirra, Lélia Gonçalves Maia, Ruth Niskier, Sonia Simonsen, Maninha Barbosa, tantas mulheres que faziam um Sociedade Brasileira inteiro. Maria Luiza Mendonça babava o filho, que interpretava um dos personagens. O espetáculo começou no pátio e terminou no segundo andar do casarão, transformado na igreja de Notre Dame, com a coroação de Napoleão e Josephina. E todas ganhamos um livrinho de Nossa Sra.Desatadora, enrolado em saquinhos de organza pela habilidade de Carmem Emília. Na foto, Ísis entre Josephina, Napoleão e o marquês, filho de Maria Luiza.


Dois dias depois, outro chá, de minha amiga Maria Antonia Oliveira, no Aquim, ali no Leblon (as quatro mosqueteiras são Tatão, Selma, Marilena e eu). Outra gostosura. E já começo a me preocupar com os quilinhos a mais que vou ganhando... Mas, resistir quem há-de? Revi Ari José, o filho de Tatão, que conheço desde menino, e foi gostoso participar da alegria das amigas e de quatro gerações da família reunidas.


Falando em família, Luziane, a sogra de minha filha, reuniu a dela em torno da neta Bia, que mora em São Paulo e fazia 15 anos. O bolo, com camélias brancas, e os macarrons coloridos enfeitavam a mesa decorada com flores laranjas, como vocês vêem aí no click - vovô Alberto, Bia e vovô Lu. E eu, a fotógrafa, feliz por também já fazer parte desta outra família. Que novamente se reuniu no fim de semana para comemorar desta vez os aniversários de João Pedro e Luiza, os filhos de Claudinha e Gustavo. Eu adoro festa de criança! O tema foi Minnie e Mickey, personagens que acho lindos. E estava tudo muito fofo, colorido, alegre. Um mágico prendeu a atenção de adultos e crianças. Minnie e Mickey em pessoa, mais o Homem Aranha, deixaram a garotada em polvorosa. Na foto, João Pedro e Luiza com papai, mamãe, vovós e titio.

Agora, estou me preparando para mais um aniversário: de minha amiga Iduína. E com um vatapá de deixar água na boca preparado pela sua secretária Teresa. A vida é mesmo bela! E saborosa...

PS. Mas como infelizmente nem só de coisas boas a vida é feita, estou muito triste e decepcionada com a decisão do Supremo Tribunal Federal, quase unânime, sobre a minha profissão. Oficialmente, agora, não é preciso mais diploma universitário para ser jornalista, o que na prática, aliás, sempre aconteceu. Agradeço ao ministro Marco Aurélio pelo voto solitário e solidário em favor do diploma. Agradeço em meu nome e de meu pai, que, militar com salário baixo, se sacrificou muito para pagar meus estudos na PUC, apesar de sempre ter sido contra eu escolher este caminho. Começo a achar, por estas e muitas outras, que ele tinha razão. Acho que seria mais honesto, agora, fecharem as faculdades de Comunicação, uma vez que qualquer um pode ser jornalista. O precedente é perigoso. Quem sabe se chega à conclusão de que também não é preciso diploma universitário para se exercer advocacia? Fora engenharia e medicina, nenhuma outra profissão põe em risco a vida humana. Para que diploma?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Embarquei no verão

De malas e bagagens, comecei minha viagem para o verão embarcando ali no Fashion Rio, no Pier da Mauá onde os transatlânticos atracam e onde um dia eu também embarquei para minha primeira viagem à Europa. O lugar é lindo, os dias de outono foram de encomenda, com direito a pôr do sol avermelhado e lua cheia. Os três armazéns recuperados, pintados em tons que lembram a Toscana e Marrakesh, o chão coberto de mármore. Lá fora, decks de madeira e mesinhas com ombrelones para sentar, beber, comer, conversar e ver o povo fashion passar. Os lounges muito bem montados e cheios de delícias. O da Marie Claire imbatível, com o chef Écio nos recebendo com quitutes quentinhos. Banheiros de verdade nos livrando daqueles químicos, horrorosos. Menos gente, não sei se pelo local, não sei se por mais rigor na distribuição dos convites. Aquele ar de festa foi substituído por um jeito mais profissional, para alguns mais paulista. Mas a moda deu o ar de sua graça bem carioca.
O romantismo está de volta. Nos tecidos transparentes, nos tules sobrepostos, nas organzas preciosas.
Os vestidos reinam absolutos. O comprimento é curto. As pantalonas vieram para ficar. O short e a bermuda vestem o dia e a noite. Macacões e macaquinhos também. Os poás colorem a moda, assim como as estampas florais e de folhas. Os quadriculados continuam.
Bordados cobrem as flores das estamparias e lantejoulas graúdas fazem composições com poás gigantes.
Branco, preto, bege são as cores mais usadas. Ao lado de amarelos, verdes, rosas fortes, azuis carbono.
Sandálias rentes, no estilo gladiador, convivem com sandálias de tiras, saltos altos, de madeira.
Os colares vêm cheios, grandes. As pulseiras se multiplicam nos pulsos.
As formas soltas, confortáveis, convivem com cinturas marcadas, drapeados e o près du corps.
Laços e babados reforçam o estilo romântico. Amarrações, superposições e assimetrias criam a nova mulher.
Nos decotes, o tomara que caia e o ombro só. E transpassados, dobraduras e franjas movimentam a moda. Fotos de Márcio Madeira


A leveza da moda Mara Mac: organza pintada, tons suaves, o caimento do tecido moldando o corpo. As sandálias altas, de tiras enroladas no tornozelo


A pureza dos diversos tons de branco, o short bermuda elegante com a blusa como um lenço abraçando o corpo. Nas sandálias rasteiras, bijoux de cerâmica. E a bolsa sacolão. A mulher Mara Mac é um luxo!


O rosa se misturando ao cinza, tons claros, tons escuros, na delicadeza da organza. Faixa com laço na cintura. A moda da Tessuti me fez lembrar um vestido que minha mãe usava nos anos 50, de renda com organza, nestes tons, que marcou a minha infância. Que combinação linda de cores!


Mulher melindrosa, no pretinho todo franjado, curto e de alcinhas. Sandália alta, de cetim com tiras. Tessuti


Biquíni misturando duas estampas África. Pulseiras de madeira com aplicações de pedras. Lenny inovou com franjados a laser e os novos amassados tecnológicos


Estampas de folhas em seda preta e branca, olhar de pássaro: a mulher Lenny com os cabelos ressecados e amassados do momento, com detalhe de penas de pato e ráfia, criação Daniel Hernandez


Yayoi Kusama, artista plástica pop japonesa dos anos 70, que sofria de transtorno obsessivo compulsivo, inspirou a moda de Luciano Canale para a Sta.Ephigênia. Seus círculos incontáveis e repetidos estão nos tacheados deste conjunto de bermuda e camiseta solta, musgo


As bolas coloridas de Kusama no longo de seda da Sta.Ephigênia, usado com tênis e turbante


O paulista Walter Rodrigues foi o único que teve a ousadia feliz de desfilar ao ar livre, ao longo do cais. Ficou lindo! Passarela perfeita para sua moda que expressa seu desejo de simplicidade e conforto. O preto e o branco imperaram, com toques de amarelo


Walter se inspirou nos uniformes, nas suas linhas puras e simples, na sua praticidade e funcionalidade. “A roupa deve completar e não aparecer mais do que quem as usa”. Um sábio...


Yamê Reis buscou no estilo romântico aventureiro de Robson Crusoé a imagem da mulher Cantão de verão, meio selvagem, paradisíaca, interpretada por Daniel Hernandez com cabelos soltos e naturais e tons suaves na maquilagem


A mulher Cantão de corpo inteiro: tons de azul em listras sobre o jeans, detalhes artesanais, transpassados e sandálias de gladiadores


Silhueta solta, brilhos sobre estampa e o comprimento super míni. Cantão


Sandálias altas, de couro cru, sempre com uma tira colorida, plataforma leve: a etiqueta brasiliense Apoena pisa firme na moda


Colares de canutilhos, de muitas voltas, misturando cores, detalhe de luxo da Apoena, que apostou num estilo super jovem, muito curto, com shorts míni vestidos, sainhas em listras, poás e flores. Este vestido, com a estampa floral toda rebordada ficou demais!


O verão 2010 de Claudia Simões marcou a volta da alfaiataria à grife. Calças e camisas saídas do armário dele para o dela, tornados mais femininos pelas sandálias de plataforma de madeira com tiras coloridas e pelas bolsas com alças de correntes de osso


As amazonas, primeiro mito das mulheres livres e guerreiras, serviram de base para a coleção Claudia Simões, que transformou esta liberdade em despojamento, como neste look safári chic


As cores de Almodóvar povoaram os sonhos de Jacqueline de Biase e pintaram a sua moda praia. “A Salinas definitivamente tem a alma colorida”. As estampas, ícones almodovarianos, sempre misturados a muitos detalhes. Quanto mais over melhor. O clean que me perdoe...


Passadores dourados, em forma de grampos, no biquíni drapeado em tom solar, de laranja, com laço nos quadris. Salinas


Lembranças de férias inesquecíveis na Bretanha estão em todos os detalhes da moda de verão Cavendish: o tom azul hortênsia do vestido de decote quadrado, com detalhe de pregas no corpo e saia em gomos evasés. Cinto tressé de couro e tecido marcando a cintura no lugar. Chapéu de palha enfeitado com plumas


Babados e preguinhas na blusa de organza, leve e romântica, com a pantalona de palha de seda, no mesmo tom. Nos pés, espadrilles . Bolsa de corrente longa, em palha. Cavendish


A Maria Bonita Extra lançou um olhar contemporâneo sobre o filme O mágico de Oz e criou uma Dorothy moderna, com vestido de cintura marcada, saia ampla, de organza transparente sobre estampa de borboletas multicoloridas. Uma graça!


As cores do arco-íris e o detalhe do coração, ícone de Dorothy, neste short fofo usado com a blusa de organdi superposta à camiseta laranja. As pulseiras, várias, em misturas de cores, e os laços nos cabelos, completam o look

Moda é business

Um carrinho destes de aeroporto levava a gente até a saída do Fashion e dali era uma caminhada até o Fashion Business, também muito bem organizado e profissional. Lá, adorei as bolsas da Glorinha Paranaguá, que fazia uma homenagem ao ano da França no Brasil. De um lado, tudo bleu-blanc-rouge, até suas famosas carteiras de bambu, agora com aquelas borlas de cortina, de seda, que podem variar de cor, dependendo da roupa que você usa. Do lado do Brasil, os detalhes de bananas nos fechos, uma graça. As estampas Yes, nós temos bananas, em verde e amarelo. As palhas.
Muito bonitas as roupas de festa da mineira Cosh. Drapeados perfeitos. Cores lindas. Acabamento, tudo. Amei!
Raquel Alt, da Shop 126, fez uma coleção imensa, eclética, para as suas lojas que se multiplicam pelo Brasil. No estilo jovem, inconfundível, da marca. Adorei os vestidinhos.
A selva urbana inspirou a paulista Cholet. Bonitos, os estampados de folhas em preto e branco e os vestidos listrados.
O Jóia Brasil, de Anna Clara Herrmann bombou com homenagem a Lucien Finkelstein. Kamille Bernard mostrou suas jóias de inspiração indiana, que a gente vê na novela das oito, nas orelhas de Maia e companhia. Lucia Lima encantou com seus imensos colares, coloridíssimos. Entre os jovens, Renata Alt, sobrinha de Raquel, mostrou que o talento é de família.

Cenário perfeito

O movimento dos sem passarela me levou ao cenário lindo do Rio Scenarium, na Lapa, para ver as coleções de Homem de Barro e Marcelo de Gang, regadas a cerveja, cachaça, caldinho de feijão, pastel, e outras delícias. Na moda de Homem de Barro, inspirada no sono e no sonho, leves referências surrealistas que aparecem em estampas de céu colorido, esfumaçado ou brilhante, no gato sonhador de Chagal e nas borboletas de Dali. Travesseiros aromáticos, pot pourris e chás relaxantes inspiram texturas e volumes e roupas de dormir - da camisola à camiseta surrada - também são inspirações. Tons de chá, neutros e acinzentados. Os tecidos são voile de algodão e seda, musseline, organza e tricolines. Nos detalhes, pequenos sacos de chá, que facilitam dormir, e pequenas tomadas, para desligar as lamparinas e sonhar. Minhas escolhas: a saia godê toda perfurada em círculos, o vestido e a saia em pailletés gigantes, prata. No verão de Marcelo de Gang, preto e vinho, preto e branco, corseletes, coletes, laços, nervuras e aplicações. Nos tecidos, cetins, organzas. Minhas escolhas: o vestido de cetim, todo drapeado, estilo sereia, e o pretinho de organza com nervuras na saia.



segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Rio deságua no mar das minhas lembranças

O Rio é uma caixinha de surpresas que eu adoro ir abrindo, devagarinho, descobrindo cada cantinho. Os dias de outono estão lindos, azuis, gostosos, nem muito quentes, nem muito frios, no ponto pra gente sair e aproveitar. Outro dia, fui comer um peixe no Garota da Urca, regado a cerveja, e com pastéis de tira-gosto.
Foi uma viagem ao passado, ao meu primeiro apartamento, logo depois de casada, ali na Manoel Niobei, uma graça, com sua varandinha, suas portas e janelas que pintamos de laranja. Bons tempos aqueles em que eu não tinha televisão, telefone - falava no orelhão -, subia escada porque o prédio, pequeno e antigo, não tinha elevador, e me sentia a pessoa mais feliz do mundo. Lembrei da feirinha na praça, dos passeios pela orla iluminada, da missa aos domingos na igreja da Urca onde fui batizada e fiz minha primeira comunhão, dos jantares que gostava de fazer, sempre às terças, sempre com o mesmo menu, haddock na manteiga com alcaparras e batatas, dos sonhos que ficaram para trás.


Mas o futuro estava ali, na minha frente, e pra frente é que se anda. O prédio do Cassino da Urca finalmente sendo reformado, recuperado. Vai virar escola de design. Tem gente a favor, tem gente contra, mas como é bom ver aquele prédio tão bonito viver de novo...
Minhas amigas Ilva de Oliveira e Miriam Gagliardi me convidaram e lá fui eu, comer aquela picanha deliciosa do Esplanada Grill. Era uma quarta, mas estava cheio. Na mesa ao lado, Antonio Neves da Rocha. No canto, Paulinho Müller, recém-chegado do spa da Ligia Azevedo, alguns quilos mais magro, com Bebel Sued. Regina Gama entra com o filho. Um movimento constante. Alessandra, filha da Miriam, levou o filho Bento para eu ver. Nossa, que fofo! Está enorme e é super simpático. Depois, fomos bater perna por Ipanema, conferir o comércio luxuoso da Garcia, as novidades do atelier de Bianca Marques, com muitos quadriculados e lenços indianos de capotar, as calças maravilhosas da Mixed, as bolsas da Forum. Dá vontade de sair comprando tudo...


Fui ver o documentário sobre o Simonal, Ninguém sabe o duro que dei. Saí chorando. Por ele e por mim. Voltaram as lembranças de quanto fui perseguida só porque era filha de militar, de quanto tive que brigar na vida para defender meus pontos de vista, desde a faculdade e pela minha trajetória profissional, onde sempre me senti uma estranha num ninho de esquerda. Eu que sempre fui apolítica e até um pouco alienada! De volta de novo ao passado, lembrei de quando trabalhava em O Globo e fui fazer uma viagem num feriado, com meu marido, a Buenos Aires. Como soube na volta, por meus colegas, que tinham arrombado minhas gavetas procurando provas imaginárias de que eu entregava meus colegas ao SNI. Da dor e da revolta que aquilo me causou. De como acabei pedindo demissão sem nem voltar lá. Meu marido foi buscar minhas coisas e providenciar tudo para mim. Imagino bem o que Simonal sofreu, numa maldade tão proporcionalmente maior e injusta.


Mas voltando às coisas boas da vida, finalmente fui conhecer e provar o Bistrô do MAC. Que coisa linda! O dia estava especialmente azul e das janelas estreitas o visual era capotante. A comida, muito boa, a caipivodka também, amigas que eu adoro, o que mais se pode querer? Aliás, Niterói continua lindo, bem-cuidada, aquele trecho da Praia das Flechas, com seus prédios, o MAC e o visual do Rio é espetacular.
Falando em amigos queridos, o aniversário de Bruno Chateaubriand me levou à Gávea, à casa de Isabel Ramos, onde André comemorava o niver de Bruno com jantar. Arranjos de rosas brancas, champagne geladíssimo com morangos, duas barcas imensas de delícias japonesas, queijos fantásticos, caviar, salmon, patê, uma massa quentinha e um arroz de pato delicioso. O bolo, de Rosely Bonfante, de três andares, branco, com estrelas e iniciais de Bruno em dourado, lindo. Tudo muito chic, como sempre. Os irmãos ginastas Hypolito, Daniela e Diego, Rosamaria Murtinho, Luis Xavier, Leda Nagle, Luciana e Beto Pittigliani, Alexandre Ibitinga e Marcia Veríssimo, contando de sua recente viagem a Paris e Londres, Marie Annick Mercier, Madeleine Saade e a filha Tamima, que se casa agora em julho, Fabiano Niederauer e Luciana, da Inesquecível Casamento, George Fauci e Vanessa de Oliveira, entre os convidados.
Dia 29, é dia de comer nhoque da fortuna. Já fui mais fiel a esta tradição. Mas meu amigo Luis Villarino me fez voltar a ela com um convite para uma noite de nhoque, no Margutta. Conceição estava lá, com a sua simpatia, recebendo, ajudada por Patrícia Oliveira, uma multidão de amigos, que ia de Isabelita dos Patins, com colar que ganhou de presente de Ana Maria Braga, a Paulo Barragat, Pedrinho Aguinaga, Fernanda Bruni, Valeska Carvalho, Rawlson de Thuin, Ilka Bambirra, Pepita Rodrigues com Javier, Adele Fátima, Beth Susano, Amaro Leandro, a poeta Neide Archanjo. Coloquei meu dinheiro embaixo do prato e espero que se multiplique...


Só o Rio para nos oferecer coisas tão legais como RioHarpFestival, do projeto Música no Museu. Vou todos os anos e este não foi diferente. Num sábado ensolarado, eu e minha irmã Sylce rumamos para o Jardim Botânico, para ouvir um repertório em homenagem aos 50 anos da morte de Villa-Lobos, no Teatro Tom Jobim, com a harpista Vanja Ferreira e a soprano Paloma Godoy. Que delícia! Sergio Costa e Silva, o organizador, está realmente de parabéns. O auditório estava lotadíssimo, ouvindo aquela música divina no mais absoluto silêncio. Depois, resolvemos dar uma volta pelo JB. Como está bem cuidado, que bom...
Que diferença do tempo em que passeava pelas suas alamedas com meu pai, nos seus últimos anos de vida. Há muito tempo que não ia lá. Fiquei feliz. Para completar, um almoço suculento no Filé de Ouro, ali pertinho, antes de voltar para casa em estado de graça.
Mas o Rio, infelizmente, tem seus lados negros. Ai de ti, Copacabana. Tive que ir a um cartório no Posto Seis e fiquei horrorizada com o abandono das ruas, das pessoas. Dá medo andar por ali. Uma pena, porque a praia é tão linda, o pôr do sol coloria tudo de rosa deixando mais lindo ainda. Mas sujeira e gente jogada nas sarjetas não dá! Que diferença dos anos da minha juventude, que passei em Copa, em que a gente andava para cima e para baixo, nas suas calçadas, sem medo de ser feliz...